“Desculpe o transtorno, mas preciso falar” que se apaixonar não é tudo
“O amor é pros que aguentam a sobrecarga psíquica”, já diria Bukowski. Eu não tenho tempo para todo esse contrapeso emocional. “Desculpe o transtorno, mas preciso falar” sobre o fascínio de não viver um romance meloso de novela.
Se te contar que sempre preferir deitar sozinha na minha cama acompanhada de um bom vinho você não vai acreditar, não é? Ainda vai dizer: “Essa ruiva é depressiva, onde já se viu gostar de ficar só?”
Acredite é possível ser feliz sem necessitar depender emocionalmente, e em alguns casos “espiritualmente”, da companhia de alguém. Experimente.
Nunca quis um relacionamento para ir ao parque de mãos dadas. Eu nem tenho medo ratos nem barata para depender de uma pessoa para tirar os bichinhos de perto de mim. E acima de tudo, odiava ganhar flores. Preferia que elas colorissem o planeta em um campo, do que cortadas e dadas a alguém.
Eu até tinha alguém de vez em quando. Seria hipocrisia negar que saia para tomar um café ou uma cerveja. Mas, esquentar meu coração de gelo era tarefa para os loucos. Sempre perdia o interesse quando os ciúmes vinham a toda. Não estava aberta para relacionamentos sérios e ninguém entendia isso.
Invadia o espaço dominado por casais com a minha indiferença. Não me incomodava o entusiasmo dos apaixonados com demonstrações de afeto públicas. É lindo, inclusive. No entanto, só confirmava a minha certeza: “Realmente, isso não é pra mim”, pensava.
Não era questão de amor próprio com uma pitada de egoísmo. Apenas não ia deixar de ir ao cinema assistir um drama porque não tinha companhia, por exemplo. De forma alguma iria parar de tomar aquele sorvete gostoso de graviola da Santa Clara ou jantar massa em um restaurante italiano. Pode aparentar insensibilidade ou apatia por sentimentos, eu sei. Mas, tenha certeza que não é. Sou assim mesmo.
Já ouvi dizer que o amor acontece assim sem querer. Pode até ser, mas li um poema de Drummond que explanava sobre amargura: “A dor é inevitável. O sofrimento é opcional.” Neste instante, tive vontade de colocar essa frase em um outdoor para ajudar as pessoas que se lascaram depositando expectativa em romances afrescalhados de amor.
Pessoas sofrem se apaixonando por quem não devem. A tal discussão sobre “reciprocidade”. Não namore por medo de ficar sozinho. Não vai dar certo. Se relacione por vontade de querer se aventurar e dividir a sua rotina com alguém. Eu por exemplo, não quero isso.
Eu quero viajar pelo mundo sozinha após terminar a universidade. Quero fazer mestrado em outra cidade. Sonho em ser antropóloga e ter um apartamento decorado com as minhas paixões: cinema e fotografia. Talvez essa seja a minha definição perfeita de amor.
Mas, voltando ao ponto inicial: “Desculpe o transtorno, mas preciso falar” que se apaixonar não é tudo. A vida é mais que isso. Evite gastar energias desnecessárias. Ouça uma canção, sorria para a vida, escreva poesia e apenas se ame primeiro. Amor próprio é o mais verdadeiro e nunca vai te decepcionar com vácuo no whatsapp.
