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"Amor" é uma palavra muito forte

“Eu te amo”, ele disse em alto e bom som. E cada letra ecoava na minha mente repetitivamente. Estava em choque enquanto todas as emoções fugiram do meu rosto. Meu corpo reagia estranho a situação, meus neurônios todos eufóricos processavam a informação de maneira negativa. Minhas defesas tinham sido ativadas e achava tão injusto ter sido pega tão desprevenida assim. O silêncio absoluto reinou. Não tinha ideia do que responder.

Observei seu rosto nervoso, ele necessitava de uma resposta. Não tinha como eu fugi, afinal estávamos deitados pelados na cama de sempre, com a trilha sonora do metal mais perfeita do Spotify. Não tinha nada de anormal, a não ser o Romeu ao meu lado.

Créditos: Reprodução Pinterest

Eu não nasci para ser a Julieta. Romances épicos eram bonitos em literatura estrangeira. A palavra amor não fazia parte do meu vocabulário. Não sabia nem o que eram aquelas borboletinhas no estômago, a não ser a vontade de vomitar quando descobria que alguém apaixonado por mim. E acredite, quis correr para o banheiro com um enjoou desgraçado.

Passei a mão nos cabelos dele e lhe fitei os olhos falando a coisa mais difícil para mim durante os meus 20 e poucos anos: “Eu gosto de você. Nossos momentos são maravilhosos juntos, mas amor é uma palavra muito forte, nem sei o que significa”.

Percebi a palidez no seu rosto. Parecia que o sangue tinha fugido da sua face. E isso me doeu muito. E como doeu. Me senti despedaçando o homem mais perfeito do mundo, a visão romântica dos contos de fadas. E no fundo eu sabia que era esse o problema: não acreditava em príncipe encantado e muito menos em final feliz.

Eu quis terminar. Era o que fazia sempre nessas situações. O meu famoso discurso decorado: “não sou recíproca aos teus sentimentos”. Mas, olhei aqueles olhos castanhos de cílios tão gigantes transparecendo tristeza e não conseguir.

A covardia era meu ponto fraco. Não gostava de magoar ninguém. Mesmo que eu seja fria pra caralho, me importo com quem se arrisca em se relacionar comigo.

Haviam se passado menos de um minuto de silêncio, quando ele me surpreendeu. Me beijou com uma intensidade, passando a mão pela minha cintura firme. Ao meu ouvido o som daquela voz grave despejava a frase mais marcante: “Eu sei esperar. Um dia você vai dizer que me ama. Saberá diferenciar amor de prazer”. E a cama voltou a pegar fogo, enquanto “All the Fools Sailed Away” do Ronnie James Dio tocava ao fundo.

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